Autoestima

A autoestima refere-se às crenças e opiniões que temos de nós próprios e ao valor que acreditamos possuir enquanto pessoa, pelo que é uma das variáveis mais importantes para o bem-estar psicológico, mental e físico.

É a faculdade que temos em nos sentirmos capazes ou incapazes de fazer alguma coisa, de aprendermos algo, de sentirmos alguma coisa por alguém, enfim, de vivermos plenamente. Por isso, a autoestima quando baixa, afeta nossa vida por completo, impedindo-nos de nos vermos como realmente somos; ao outro como realmente é; e até mesmo visualizarmos a situação tal qual ela se apresenta. O prejuízo para a nossa capacidade de nos relacionarmos conosco mesmos ou com o outro é imenso (causando um isolamento doloroso), assim como de vivenciarmos as situações em sua plenitude, não encontrando saída para os problemas ou mesmo não aproveitando as coisas boas da vida.

Quando estamos deprimidos, o mais provável é pensarmos que não temos valor, que ninguém nos tem amor, que nada vai dar certo e, como a nossa auto imagem é negativa, tendemos a ver um acontecimento trivial ou uma imperfeição como um sinal inultrapassável de um defeito pessoal notado e criticado por todos, motivo de estamos tristes e sós (ideias como: “sou mesmo um desastrado; não tenho sorte no amor; nunca vou entender matemática”, etc.).

Autoestima e as crenças negativas

Muitas vezes estamos tão envolvidos e convictos destas crenças negativas que nem nos apercebemos da sua inadequação, inutilidade e falta de razoabilidade, especialmente quando estamos deprimidos. Mas sentirmo-nos bem e com valor não depende de sermos amados ou desejados pelos outros. O que será mais decisivo para uma boa autoestima será o nosso sentido de valor próprio, que determina a forma como nos sentimos em relação ao mundo.

Isso tudo gera um círculo vicioso onde o que está fora adquire um poder muito grande sobre tudo que nos acontece (geralmente bem negativo), ou seja, uma tendência a responsabilizarmos os pais, a política, o cônjuge, e até mesmo o sol ou a chuva pela nossa própria incapacidade de lidar com o problema nos vitimizando todo o tempo. E assim, transferimos as rédeas da nossa vida, gerando um quadro depressivo cuja modificação só é possível com ajuda de um bom tratamento psicológico.

Esse quadro, quando não tratado, pode ser causa de doenças físicas de difícil cura (mesmo que um simples resfriado), dores variadas, baixa imunidade e até mesmo doenças mais graves como câncer. Está mesmo comprovada cientificamente pela OMS, que pessoas com baixa autoestima estão mais propensas a adoecerem ao passo que a alegria tem sido indicada como cura para muitas doenças.

Por outro lado, a autoestima quando elevada demais também causa distorções da realidade de si, do outro e da situação, responsável por muitos transtornos à nossa vida social, tornando a pessoa tão isolada quanto a que possui baixa autoestima.

Autoestima e o tratamento

Portanto o ideal é procurarmos ajuda profissional o mais rapidamente possível ao percebermos nossa facilidade em nos magoarmos com pequenas atitudes alheias, ou mesmo dificuldades em encontrarmos saídas para situações por mais simples que sejam, em lidarmos com perdas materiais ou morais.

Qualquer pessoa que tenha uma autoestima baixa tem todas as possibilidades de transformar esta situação: a mudança de padrões de pensamento negativos, que nos fazem sentir tristes, deprimidos ou sem valor exige muita disciplina e persistência. É útil definir metas de comportamento sobre aquilo que desejamos ser, devendo para tal, atuar de maneira diferente da habitual. A terapia cognitiva e comportamental para este processo de mudança pode ser de grande valia.

Para aumentar o sentido de valor pessoal é necessário calar com a voz crítica interior. Ajuda muito se escrever numa folha esses pensamentos negativos e analisá-los racionalmente: Será que estes pensamentos são verdadeiros e úteis? Muitas vezes as pessoas distorcem e exageram (pela negativa), as avaliações que fazem de si próprias. Por exemplo, alguém que pense frequentemente “Eu não presto” ou “Nunca faço nada direito”, provavelmente está fazendo uma super- generalização por que todos nós temos qualidades boas e más e há coisas que fazemos melhor que outras. O excesso de auto-crítica negativa tem como base o orgulho de um ego que crê que só a perfeição é aceitável, deixando de perceber a importância que o erro tem para nosso processo de aprendizado, sem querer entender que a perfeição como almeja, nem sequer existe.

Outra razão que conduz à baixa autoestima é a constante comparação com outras pessoas, feita desde a infância pelos adultos que induzem a criança a se espelharem em outras consideradas “melhores” seja no comportamento ou no aproveitamento escolar, deixando de valorizar o que realmente são, seus esforços e capacidades inatas.

O medo da solidão faz com que façamos coisas que vão contra os nossos próprios desejos com a finalidade de agradarmos a outras pessoas ou para obter a aprovação delas, pensando erroneamente que assim sempre seremos aceitos e nunca estaremos sós. Porém, a maturidade nos ensina que é impossível agradar a toda a gente e não nos podemos sentir culpados ou perturbados em sermos criticados ou mesmo rejeitados em alguma situações. A desaprovação faz parte da vida. Sempre haverão pessoas que gostam e concordam conosco (e também o contrário).

Os rótulos também contribuem bastante para o desenvolvimento de uma auto estima negativa especialmente na infância. Palavras duras como “burra” ou “faz tudo errado” podem gerar traumas enormes na vida adulta. Um rótulo é sempre um ato de insensibilidade, de generalização exagerada,  de maldade mesmo, sem significado algum, uma vez que a vida é um processo contínuo de mudanças orgânicas, sociais, familiares, políticas ou psicológicas. Estes pensamentos negativos não podem determinar o nosso valor, nem os nossos atos ou pensamentos. Hoje sabemos que sentimentos geram pensamentos que geram atitudes.

As pessoas com autoestima mais baixa tendem a acreditar que aquilo de bom ou de positivo que conseguiram alcançar ou que as suas qualidades “positivas” se devem ao acaso (“tive sorte em ter um 10 neste exame”, “calhou ter jeito para o ténis”). Por outro lado, as qualidades negativas são interpretadas como fazendo parte da própria pessoa pois este acontecimento negativo é interpretado como dependente do seu comportamento ou de características relativamente permanentes. Nesse caso, as características positivas são interpretadas como não dependentes do seu comportamento (o lugar de controle está fora do sujeito) e as suas causas são atribuídas à sorte ou ao acaso, existindo então, uma clara desvalorização do positivo e uma concentração e preocupação com o negativo.

Assim, desenvolvemos uma baixa autoestima por ouvirmos frequentemente comentários negativos e depreciativos. Isto pode ser dramático, como vimos, especialmente na infância e adolescência, pois os jovens são muito mais sensíveis a críticas negativas e mais facilmente poderão desenvolver um auto-conceito negativo. Provavelmente, muitas das pessoas que criticam frequentemente terão elas próprias um conceito negativo de si próprias. A crítica mordaz é inútil e destrutiva. Na realidade, não podemos fazer depender o nosso mérito pessoal em função do que os outros pensam e dizem. Face a uma crítica poderemos pensar “Isto é a opinião daquela pessoa”, o que nos torna mais imunes aos sentimentos negativos dos outros. Podemos fazer uma análise de eventuais críticas, mas sem nos sentirmos mal ou perturbados por isso. 

Alguns fatores podem contribuir bastante para a elevação

  • manter uma tolerância e aceitação incondicional de nós próprios. Sermos nosso melhor amigo, aconteça o que acontecer, reconhecendo no mundo, pessoas com imperfeições que sempre podem mudar e evoluir.
  • diminuir a voz interior que nos julga de forma implacável, nos paralisando de forma a nos sentir sempre mal. Reconhecer que essa autocrítica é injusta pois ignora várias qualidades que possuímos e são importantes, estabelecendo um diálogo interno saudável.
  • manter hábitos saudáveis, sem nos compararmos com imagens irrealistas impostas pela publicidade. Não depender da aprovação dos outros, eliminar as emoções inúteis de culpa, medo de falhar, preocupações ou seja, viver o presente, deixando o passado no passado e o futuro no futuro onde é o seu lugar.
  • reconhecer nossos pontos fortes e aceitar os aspectos que devemos mudar e progredir.
  • não perder o foco nos nossos sonhos e objetivos sempre de forma realista.
  • reservar um tempo para nós, com atividades que nos dão prazer.
  • tratar bem do corpo com atividades físicas, alimentação balanceada e sono saudável.
  • não postergar as tarefas, mesmo as mais difíceis. A ação ajuda a manter a confiança de que somos capazes de aprender com as experiências da vida.
  • procurar ajuda de um bom terapeuta. 

O tratamento de terapia mais eficaz é, sem dúvida, o cognitivo comportamental com muitas provas de eficácia demonstrada por  inúmeros estudos científicos. Através da ressignificação do que foi ouvido na infância, inicia-se a modificação de crenças, pensamentos e  atitudes não reais e totalmente disfuncionais. Através de reflexões baseadas na razão podemos adquirir novas reações que podem ser identificadas na prática em diversas situações, testando novos comportamentos e reações frente a situações diversas reais impactando novos comportamentos. Um bom terapeuta pode motivar a mudança, aumentar a compreensão de nós próprios, revendo atitudes frente a situações, adquirindo coragem para ser diferente. O objetivo geral é obter uma visão mais realista e flexível de nós próprios em vez de haver uma centração em aspectos negativos, aumentando a auto- confiança porque há uma visão menos restrita das nossas competências e qualidades. 

Nunca percamos de vista a importância que temos para nós mesmos, nossa capacidade de “darmos a volta por cima”, de nos arrumarmos por dentro e por fora sem nunca nos esquecermos que: “O mundo nos trata como nós nos tratamos”, portanto, vamos ser nossos melhores amigos… sempre… e nunca estaremos sós.

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